JOSÉ CLAUDIO ao lado de seu quadro “Mulher na
praia”
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Dia desses o artista
plástico José Cláudio acordou com os versos de Castro Alves martelando o juízo:
“Pernambuco! Um dia eu vi-te
Dormindo imenso ao luar,
Com os olhos quase cerrados,
Com os lábios – quase a falar...
Do braço o clarim suspenso,
- O punho no sabre extenso
De pedra – recife
imenso,
Que rasga o peito do mar...”
A estrofe é do poema Pedro Ivo, escrito no Recife em 1865, incluído no livro Espumas flutuantes.
A Galeria Café Castro Alves hospeda a exposição "Pernambucos e seus criadores de imagens" até o final de novembro. É uma casa onde há cinco meses funciona o
restaurante e estúdio fotográfico na Rua do Lima, 280, no bairro de Santo
Amaro. Dizem que lá morou o poeta. O lugar, de vocação cultural, é um empreendimento dos
sócios Luara Lima (chef), Helder Ferrer (fotógrafo) e Ivana Moura (jornalista).
O nosso guru José Cláudio é o fiador artístico desta
exposição. Foi ele quem atraiu outros pintores para esta coletiva de artes plásticas. Bem-humorado como ele só, José Cláudio
nos contou que ainda na escola primária ficou conhecido como a “pálida Teresa”
por recitar o poema O adeus de Teresa,
de Castro Alves.
O próprio José Cláudio participa com um quadro
de 1976 inédito, que retrata uma figura feminina plena, intitulado “Mulher na
praia”.
Com seu aval, vieram as obras de
outros artistas. Seu filho Mané Tatu nos traz o Pôr-do-sol de Afogados da Ingazeira e as visões do mangue, tão
valorizadas nas músicas de Chico Science que revolucionaram a MPB nos anos
1990. Também outros autores enxergam riqueza que vem da lama, como Antonio
Mendes, que tem dois quadros na coletiva, Mangue
e Mangue II.
MANÉ TATU
“Pôr-do-sol
em Afogados da Ingazeira”
Acrílica
sobre duratex, 31 x 58,5 cm, 2011
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Além de ser um homem de
bem com a vida, o artista Feliciano dos Prazeres é o idealizador da Pintata Solidária. Ele acredita que a
arte pode ser uma ferramenta a favor do bem social. Na exposição Feliciano participa
com duas obras Igreja da Jaqueira e Paraíso, que resgatam alguns de seus
lugares preferidos.
Equilíbrio, de Badida Campos é da exposição Memórias. A filha do escritor Moreira Campos e Maria José Alcides,
prima de Rachel de Queiroz, afilhada de Aurélio Buarque de Holanda, e dona de
um humor cearense, sabe que a vida está sempre por um fio. A inspiração do
quadro foi o livro EU de Augusto dos
Anjos, poeta morto pela tuberculose aos 30 anos, naquela época doença incurável.
A figura principal do quadro é uma jovem mulher quase etérea, que parece se
equilibrar. Enquanto outros fios ocupam a tela. Mas apesar dos elementos
ameaçadores, como os urubus e a tesoura, algo se impõe com suavidade de música.
Tereza Costa Rego vem com Pecado, uma obra com
sua marca de deslumbramento.
Serigrafias da série Casas-Grandes & Senzalas, de Cicero Dias, estão inclusas na
mostra.
Marcelo Peregrino Samico
herdou o talento artístico do pai pintor e gravador Gilvan Samico e a
sensibilidade de Célida, sua mãe. Se isso não é uma heresia, que arte se herda,
o talento para gravuras e pinturas, com temática voltada especialmente para as
paisagens de Olinda, estão em duas peças de Marcelo nesta exposição.
MARCELO PEREGRINO
“Carcará”
Óleo sobre
tela, 60 X 90
cm, 2013
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Salve aquele que sabe
enxergar a beleza onde quer que ela brote. Mauricio Arraes tem esse dom e
compartilha da mostra com Estrada e Sinuca dois recortes da beleza da
periferia em cores vibrantes. Poética da periferia em estado puro.
Ainda fazem parte da coletiva
Rinaldo Silva e Edson Menezes, Adriano Cabral e Roberto Ploeg, Daniel Dobbin,
Renata Mota e Helylda Landin, Sandro Maciel. José Carlos Viana, como diria
Raimundo Carrero, contribui com sua “dramática interpretação do mundo”.
DANIEL DOBBIN
“Cabeza
4”
Acrílica
sobre tela, 100 X 100
cm, 2012
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A curadora da exposição,
Suzana Costa, conta que a mostra “Pernambucos
e seus criadores de imagens pede licença e utiliza poemas de Castro Alves
para poetizar mangues, mar, igrejas, corpos nus e abstratos dos artistas”. A
exposição fica em cartaz por três semanas, com mais de 40 obras espalhadas
pelas paredes da casa.
No conjunto significativo dos quadros há traços de melancolias, surtos de alegria, dúvidas - essas nossas contemporâneas, imagens pintadas de maneira obsessiva, cores que transbordam de sensibilidade e inteligência. E muitos motivos para composições de fábulas, de discursos puxados pela eloquência pictórica. O espectador pode seguir pistas falsas, mas o que importa? Cada um cria seu próprio discurso. A arte pode tudo.
No conjunto significativo dos quadros há traços de melancolias, surtos de alegria, dúvidas - essas nossas contemporâneas, imagens pintadas de maneira obsessiva, cores que transbordam de sensibilidade e inteligência. E muitos motivos para composições de fábulas, de discursos puxados pela eloquência pictórica. O espectador pode seguir pistas falsas, mas o que importa? Cada um cria seu próprio discurso. A arte pode tudo.
SERVIÇO
Exposição "Pernambucos e seus criadores de imagens"
Com obras de Adriano Cabral, Ana Catarina Mousinho, Antonio
Mendes, Badida, Daniel Dobbin, Edson Menezes, Eduardo Araújo,
Erisson, Fabiana Canto, Feliciano Dos Prazeres, Helylda Landim, Heron
Martins, Ione Tavares, Izidorio Cavalcanti, José Carlos Viana, Mané Tatu,
Marcelo Peregrino Samico, Maurício Arraes, Odilon Cavalcanti, Renata Mota,
Rinaldo Silva, Roberto Ploeg, Sandro Maciel, Sergio Esteban, Serretti, Tereza Costa
Rego, José Cláudio e serigrafias de Cícero Dias
Onde: Galeria Café Castro Alves (Rua Capitão Lima, 280 - Santo Amaro, Recife - PE, 50040-080, República Federativa do Brasil)
Quando: Até 30 de novembro
Horário de funcionamento:
Segundas, terças e quartas-feiras, das 12 às 16h
Quintas, das 12 às 23h
Sextas e sábados, das 12 às 24h
Sextas e sábados, das 12 às 24h
Curadora: Suzana Costa - suzanagomescosta1@gmail.com
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